Convite para abertura

 

Como fotografar uma cidade já fotografada por tantas pessoas, algumas delas sendo Cartier-Bresson e Doisneu? Essa foi a pergunta que moveu o fotógrafo Cláudio Edinger descobrir novas formas de retratar Paris. Foram mais de 30 anos de pesquisa e duas semanas de trabalho, 200 chapas, sendo escolhidas 80 para compor um livro.

Para completar essa busca de novos olhares, que tal usar uma câmera que proporciona uma outra forma de fotografar? Por essa razão, que Edinger usa em seu trabalho uma grande formato, que usa filme 4X5, onde o foco é dado apenas em um pondo específico, além de ter maior qualidade que o negativo comum.

A exposição Paris de Cláudio Edinger, que terá 17 fotografias desse trabalho, será aberta no próximo dia 30 de novembro, às 19 horas, e ficará até o dia 28 de fevereiro de 2010 no Espaço Arte Trio que fica na rua Gomes de Carvalho, 1.759 – Vila Olímpia/SP.

Edinger fala ao Janela Objetiva sobre a exposição, equipamentos e seus olhares.

 

Grande abraço a todos!

 

Janela Objetiva – Como surgiu a idéia de fazer essa exposição?

Cláudio EdingerEu venho pesquisando Paris há uns trinta anos, desde quando comecei a fotografar. Ficava imaginando como fotografar a cidade mais fotografada do mundo, o que esta cidade representa pra mim visualmente e como compartilhar isso com outros, o que a gente vê. Mas este é o grande barato da fotografia — não existem temas esgotados — ao contrário, está tudo aí ainda pra ser feito.

 

JO – Qual é a Paris de Claudio Edinger?

CE Paris é a mãe de todos nós, é a mãe do Impressionismo, o maior e mais importante movimento artístico da história. Paris é a mãe também da fotografia, onde Lartigue, Bresson, Brassai, Doisneau, Kertesz, Halsman, William Klein e muitos outros desenvolveram a nossa arte. a minha paris é ambígua, ora em foco ora desfocada, ora brilhando ora opaca. é a cidade luz e a cidade sombra, tem uma beleza incomparável e vive ameaçada pelo seus suburbios.

 

JO – O que te levou a fotografar em grande formato?

CEA máquina em grande formato deixa de ficar entre nosso assunto e a gente — você não mais vê o mundo através de um buraco quadrado ou retangular quando faz a foto. a 4×5 vira de fato uma parceira da gente. cada máquina fotografica enxerga da sua própria maneira a realidade. são como vários instrumentos musicais de uma orquestra. a 4×5 é como um piano de calda. e, além da qualidade muito superior de seus negativos, ela possibilita o trabalho de “tilt & shift” — báscula — em que é possível criar-se o foco seletivo, uma linguagem dentro da fotografia que começa a surgir com força agora e que pra mim reflete melhor do que a outra (foco em tudo) minha relação com a assim chamada realidade. eu me interesso muito pela ambiguidade das coisas, acredito que não existem absolutos — e nem isso pode ser uma afirmação absoluta. me interesso por uma imagem cheia de nuances e mistérios, que às vezes conta mais pelo que deixa de dizer.

 

JO – Quem fez a curadoria da exposição?

CE – A curadoria é de Rosely Nakagawa que é quem escreve a apresentação para a exposição.

 

JO – Quanto tempo levou para produzir esse material, quantas fotos foram para a exposição e, aproximadamente, quantas foram tiradas?

CEEssas fotos foram feitas em duas semanas. Fiz umas duzentas chapas das quais escolhi 80 pra um projeto de livro. Para cada foto que eu faço, em geral, tiro duas ou três chapas no máximo. A exposição tem 17 fotos no formato 140×170 cm com moldura. O interessante pra mim é que na capital da fotografia é quase impossível se fotografar. Cada vez que eu abria o tripé vinha um segurança perguntar vous avez la permission? Você tem licença pra fotografar aqui? Eu não tinha, para nenhum lugar — tanto que agora quero voltar para fotografar dentro dos lugares, museus, cafés etc., e vou ter que conseguir autorizações. Chata essa burocracia, mas faz parte.

Sobre Julio Marcondes

Fotógrafo, jornalista e pós graduado em Marketing Político e Propaganda Eleitoral. A fotografia para mim não é uma profissão, mas sim, um estilo de vida.Fotografo por prazer.

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